Carnaval 2025

Blocos levam folia para além do Centro e agitam bairros de BH

De axé na Pampulha a marchinhas no Barreiro, blocos espalhados por Belo Horizonte garantem um Carnaval mais inclusivo, diverso e com a cara da cidade


Créditos da imagem: Reprodução
Blocos descentralizados levam folia para além do Centro e agitam bairros de BH om homenagens a Clara Nunes, ritmos afro-brasileiros e protesto irreverente, os blocos fora do eixo central reforçam que a festa pertence a toda a cidade.

Ana Clara Parreiras

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21/02/25 às 20:03 - Atualizado em 24/02/25 às 13:14
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Se tem uma coisa que a capital mineira sabe fazer bem, é Carnaval! Mas quem disse que a festa precisa ficar restrita às ruas do Centro? Blocos espalhados pelos bairros estão provando que a folia pode – e deve – ocupar todos os cantos da cidade. 

Seja ao som de axé na Pampulha, sambando com Clara Nunes na região Nordeste, ou dançando no meio da rua enquanto “espera o metrô” no Barreiro, a festa deste ano promete diversidade e muita animação.

A ideia é simples: se o Carnaval não chega até você, bora fazer o Carnaval onde você está! Confira alguns dos blocos que estão movimentando os bairros e levando a alegria para além do circuito tradicional.

Tchanzinho Zona Norte: o axé da Pampulha para toda BH

O Tchanzinho Zona Norte nasceu da necessidade de levar a folia para fora do Centro. A ideia surgiu quando dois irmãos, durante o Carnaval, perceberam que a região da Pampulha não tinha blocos que atendessem aos foliões locais. 

Assim, em vez de se deslocarem até o Centro, decidiram criar um bloco próprio, garantindo diversão próxima de casa.

A iniciativa cresceu tanto que, atualmente, o bloco desfila na Via das Artes Andradas, levando milhares de foliões ao som de muito axé e ritmos envolventes.

Filhas de Clara: homenagem à voz de Minas no Carnaval

Após o sucesso do bloco Volta, Belchior, o jornalista Kerison Lopes decidiu homenagear mais um grande nome da música brasileira no Carnaval belo-horizontino. Desta vez, a escolhida foi Clara Nunes, mineira de Caetanópolis e ícone do samba nacional.

Além de celebrar sua obra, o bloco mantém a proposta de fugir do eixo tradicional da folia, garantindo espaço para a festa também na região Nordeste de BH.

Com um repertório que valoriza as raízes do samba e a trajetória de Clara Nunes, o bloco promete emocionar foliões com clássicos que marcaram gerações.

Garota Eu Vou Pro Califórnia: a tradição da folia no bairro Califórnia

Criado em 2016, o bloco Garota Eu Vou Pro Califórnia surgiu da vontade dos moradores da região Noroeste de terem uma festa própria. Desde então, o cortejo cresceu e se tornou um dos mais esperados do pré-Carnaval de BH.

No primeiro desfile, em 2016, o bloco reuniu cerca de 2 mil foliões. Já em 2020, o número de participantes saltou para 7 mil, com 68 integrantes na bateria e 45 na ala de dança.

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Esperando o Metrô: irreverência e protesto no Barreiro

Desde 2018, o bloco Esperando o Metrô anima as ruas do Barreiro, mesclando diversão e crítica social. Criado por um grupo de amigos que sentia falta de um bloco na região, a proposta é transformar a espera pelo metrô – ainda ausente no Barreiro – em um grande momento de festa.

Stefanio Teles, um dos organizadores, destaca que o bloco nasceu como uma provocação e um movimento cultural para fortalecer o Carnaval no Barreiro, garantindo que a folia se expanda para toda BH.

Afoxé Bandarerê: resistência e ancestralidade no Carnaval

Fundado em 2013, o Afoxé Bandarerê é mais do que um bloco carnavalesco – é um movimento cultural que busca valorizar e preservar as tradições afro-brasileiras. Inspirado nos afoxés da Bahia, o grupo leva para as ruas não apenas música e dança, mas também uma mensagem de resistência e fortalecimento da identidade negra.

O repertório do bloco celebra os Orixás e a cultura ancestral africana, tornando-se um espaço de reencontro e pertencimento para aqueles que buscam manter vivas as tradições dos povos de matriz africana.