Iniciativa surgiu em maio de 2019, quando os familiares protocolaram a proposta no Ministério Público
Seis anos após o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que tirou a vida de 272 pessoas, o Memorial Brumadinho foi inaugurado. Com a presença de familiares das vítimas, autoridades e moradores locais, o espaço foi aberto ao público durante cerimônia nesse sábado (25).
Localizado no lugar exato da tragédia, o museu foi construído em memória às vítimas do desastre de 25 de janeiro de 2019, incluindo 251 trabalhadores, dois nascituros, além de moradores e turistas que estavam na área no momento do rompimento. O Memorial Brumadinho é classificado como um memorial in situ, construído no local do evento, assim como o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, e o Memorial 11 de Setembro, em Nova York.
A iniciativa é resultado de uma mobilização dos familiares das vítimas, que protocolaram no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) a proposta para a criação de um parque memorial, em maio de 2019.
Em janeiro de 2020, a pedra fundamental foi lançada, marcando o início do projeto. Em agosto de 2023, um Termo de Compromisso foi assinado entre a Vale, a Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (AVABRUM) e o MPMG, formalizando a criação da Fundação Memorial de Brumadinho.
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O projeto arquitetônico, desenvolvido pelo escritório Gustavo Penna Arquitetos Associados, foi escolhido em votação pelos familiares. Para o arquiteto Gustavo Penna, o memorial é mais do que um espaço físico, “ele simboliza a força e a fragilidade da vida, acolhe a dor e a transforma em um ato de resistência contra o esquecimento. É um lugar para lembrar histórias que não podem ser apagadas.”
Entre os destaques do memorial estão um bosque com 272 ipês-amarelos, uma escultura-monumento, um espaço meditativo e salas de exposição que guardam relatos e objetos relacionados à tragédia. Há também um espaço reservado para a guarda digna de segmentos corpóreos das vítimas, resgatados ao longo das buscas.
Além de ser um espaço de memória, o Memorial Brumadinho tem como objetivo fomentar projetos educativos e de pesquisa. Ele se propõe a ser um centro de estudos interdisciplinares em áreas como meio ambiente, geografia, arquitetura, direito e história, promovendo reflexões sobre os desdobramentos do desastre.