Projeto “Entre Rios e Ruas” marca o trajeto de córregos canalizados e propõe reflexão sobre memória urbana e impacto das chuvas
O projeto “Entre Rios e Ruas”, idealizado pela artista plástica Isabela Prado, vem sinalizando com placas os caminhos de rios e córregos canalizados sob o asfalto de BH. A iniciativa, aprovada por uma Lei Municipal de Incentivo à Cultura, espalha intervenções visuais pela cidade com o objetivo de reconectar os moradores com os rios que moldaram o território e continua a influenciar o cotidiano — especialmente durante os períodos de chuvas intensas, como o que marcou o início da instalação das placas há cinco anos.
Atualmente, a capital mineira tem cerca de 165 quilômetros de cursos d’água cobertos por concreto. Um bom exemplo é o Córrego do Leitão, cujo processo de fechamento teve início na década de 1970, no Centro da cidade. Com o tempo, muitos desses cursos foram esquecidos, embora continuem ativos sob as ruas e avenidas.
As placas instaladas pelo projeto indicam por onde am ou avam os rios e córregos da cidade. Cada instalação propõe ao pedestre uma pausa para observar o que normalmente a despercebido.
Leia também
As primeiras intervenções visuais do projeto coincidiram com um período de chuvas forte que resultaram em alagamentos e vítimas fatais. Na época, especialistas destacaram a canalização excessiva dos córregos como um dos fatores que agravam os impactos das enchentes, reforçando a importância do debate sobre o planejamento urbano e o escoamento natural das águas.
A repercussão do projeto, que começou em 2006, chegou a veículos de comunicação de grande circulação, como a Revista Piauí, que publicou recentemente um artigo sobre o trabalho de Isabela Prado. A publicação ampliou a visibilidade da iniciativa e abriu espaço para o diálogo com outros artistas, pesquisadores e moradores interessados.
Cinco anos após a instalação da obra “Sobre o rio”, o projeto realiza sua restauração como forma de reafirmar o compromisso com a valorização da memória urbana. Segundo Isabela, o projeto se renova à medida que encontra novas formas de contar as histórias dos rios encobertos e das transformações da cidade.
As placas instaladas em diferentes regiões de capital mineira mostram que, embora invisíveis, os rios continuam presentes e influentes.